Mestrado
“Partir, evadir-se, traçar uma linha”: ...
“Partir, evadir-se, traçar uma linha”:
Deleuze e a literatura
“To leave, to evade, to trace a line”:
Deleuze and the literature
SOUSA DIAS*
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RESUMO – Este ensaio esboça um olhar sobre o modo como Gilles Deleuze trata a questão da literatura. Tomando como ponto de partida o exercício da filosofia como interferência ativa e criativa, como co-criação, o autor nos permite acompanhar a exploração do paradoxo constituinte da literatura, uma finalidade extralinguística no coração da linguagem literária. Ele analisa a criação literária e a invenção poética como efeitos de uma tensão na própria língua, incitando o devir uma língua menor, e toma a poesia como criação de uma língua de imagens, uma língua-limite em que as palavras já não obedecem mais à sintaxe e se põem a fazer vibrar outras intensidades.
Palavras-chave – Literatura; poesia; criação literária; Deleuze.
ABSTRACT – This article outlines a look at the way Gilles Deleuze deals with literature, having as a starting point the philosophical exercise as an active, creative interference and co-creation. The author allows us to follow the exploration of literature and its paradox, an extra linguistic purpose at the core of literary language. He analyses the literary creation and poetical invention as effects of tension in the own language, that leads to the happening of a minor language and takes poetry as imagery creation. A borderline language where words do not obey the syntax and make vibrate other intensities. Key words – Literature; poetry; literary creation; Deleuze.
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A literatura ocupa um lugar privilegiado no pensamento de Gilles
Deleuze. Não são apenas os livros sobre Proust, Kafka e Sacher-Masoch e os estudos de Crítica e clínica. Também a profusão de referências a
* Professor no Porto/Portugal e tem uma larga