mestrado
A questão a ser desenvolvida no presente trabalho é comprovar a presença do messianismo no Brasil. Além dos episódios de Pedra Bonita e de Canudos, ocorridos no Nordeste do Brasil, quero registrar as semelhanças entre o messianismo da doutrina divulgada por Plínio Salgado (1895-1975), e o Sebastianismo português.
Trajetória do Mito Sebástico em Portugal
O jovem rei Dom Sebastião foi desde seu nascimento a única esperança portuguesa de restauração da antiga glória. Era intitulado “Desejado”, por ter nascido após um tempo em que o futuro do reino estava incerto devido à ausência de descendentes.
O reino vivia um momento de decadência, com ascensão de outras potências no cenário europeu. A retomada, esperava-se, seria com o rei menino. Como explica José Van Den Besselaar:
O sebastianismo é uma espécie de Messianismo. Na acepção secularizada de hoje, a palavra ‘Messianismo’ designa geralmente a cega fé das massas populares num líder político, julgado capaz de acabar com os abusos existentes e de inaugurar uma nova era de bem-estar geral. Seria um anacronismo se interpretássemos o sebastianismo dos séculos passados neste sentido. Sem dúvida, aos sebastianistas não faltavam nem a fé obstinada na vinda de um imperador carismático, nem a esperança inabalável no estabelecimento de uma nova ordem política e social. Mas essa fé e esperança estavam, para eles, integradas numa visão nitidamente religiosa da história.
Dom Sebastião, enquanto viveu, pouco fez para despertar entusiasmo popular. Pouco ligado às mudanças que a Europa passava, que já anunciavam a Idade Moderna, Dom Sebastião vivia ainda na Idade Média. Viveu a vida inteira em castidade,