Mercado de trocas
Diferentemente do labor e da ação, o trabalho humano tem por traço distintivo a relação meio-fim. Se o labor visa as necessidades fisiológicas do homem e a ação os anseios políticos, o trabalho não visa objetivamente nada no próprio ser humano, a não ser produzir um meio para se atingir outros fins, ou mesmo novos meios. O resultado do trabalho é passível de determinação objetiva: o produto ou bem de uso ou consumo. Além disso, o produtor se distingue do resultado de seu trabalho. Se na ação e no labor seus produtos se incorporam à sociedade e ao homem, respectivamente, no trabalho o produto se destaca do produtor e, como principal característica, passa a incorporar o mundo, dividindo-o com o próprio homem. O trabalho é, pois, naturalmente violento na medida em que traz ao mundo do homem algo que a ele não pertencia, deturpando e violentando também a natureza original. O labor e a ação não alteram a natureza senão na medida das necessidades fisiológicas e políticas do ser humano; o trabalho não. No dizer de Hannah Arendt, enquanto ohomo laborans é amo e senhor de todas as criaturas vivas, permanece, no entanto, como escravo da natureza; já o homo faber, aquele que trabalha, é amo e senhor de toda a Terra.
Todo objeto resultado do trabalho do homem ira perecer, isso se deve à durabilidade do mundo. O uso e o consumo dos bens produzidos aceleram o processo de degradação dos mesmo, porém a ausência completa do consumo a da utilização não impede a degradação, apenas diminui sua intensidade e velocidade. Um item de boa qualidade consegue suportar os caprichos de seu utilizador, porém um dia ele irá se degradar, não importado quanto tempo leve para isso. É curioso a diferença entre o homem e o produto do homem. Enquanto o homem é estritamente subjetivo, o mundo criado como resultado de seu trabalho tem caráter objetivo, sendo independente dos homens que as produziram e utilizam.
Os instrumentos e o Animal