mentira e verdade
O homem mente inconscientemente e conforme hábitos seculares e precisamente por meio dessa inconsciência, justamente mediante esse esquecer-se, atinge o sentimento da verdade.
O próprio homem tem uma inclinação imbatível a deixar-se enganar e fica como que encantado de felicidade quando o rapsodo narra-lhe contos épicos como se estes fossem verdadeiros.
Dissimulação, um meio para a conservação do individuio que o intelecto desenrola suas principais forças, pois esta constitui o meio pelo qual os indivíduos mais fracos, menos vigorosos, conservarem-se, pois, é na arte da dissimulação que o homem atinge seu cume: o engano, o adular, mentir e enganar, falar pelas costas, o representar, o viver em esplendor consentido, o mascaramento, a convenção acobertadora, o fazer drama diante a si mesmo e aos outros, ou seja, o constante saracotear em torno da chama nica da vaidade, constitui a tal ponto que a regra e a lei que quase nada é mais incompreensível do que como pôde vir à luz entre os homens um legitimo e puro impulso à verdade. Eles se acham profundamente imersos em ilusões e imagens oníricas, seu olho desliza apenas ao redor da superfície das coisas e vê “formas”, sua sensação não leva à verdade em nenhum lugar, mas antes se satisfaz em receber estímulos e tocar, por assim dizer, um teclado sobre o dorso das coisas.
O individuo, num estado natural, quer preservar-se contra outros indivíduos, ele geralmente se vale apenas para a dissimulação, mas ao mesmo tempo, quer existir socialmente e em rebanho, por necessidade e tédio, ele necessita de um acordo de paz e empenha-se para a