Memórias
Desde pequena encantam-me textos dos mais variados possíveis. Desde os teatrais, músicas, a livros. Mesmo sendo filha de uma professora de Português, como diz o ditado “Casa de ferreiro, espeto é de pau”, minha mãe não tinha tempo de me apresentar enfaticamente o mundo da leitura. Não porque não se interessava, mas, por não ter tempo disponível, e seu desgaste ao lecionar era tamanho que imagino a repudia que deveria sentir se tivesse que fazer isso em casa.
Morávamos em um bairro totalmente pacato, que se alguém chegasse lá sem passar por toda a cidade de salvador, não duvidaria se eu dissesse q estávamos em um “interiorzinho” da Bahia. O Conjunto Pirajá I é uma comunidade simples, de pessoas humildes, mas, as melhores para se bater um papo no fim da tarde comendo um acarajé e falando da vida alheia. Cresci com minha irmã mais velha, e não encontro memória alguma de infância que não tenho-a comigo. Lembro-me das primeiras leituras, pelos encartes de cd’s e LP’s que meu pai colecionava dos mais variados cantores da MPM (música popular mundial), em um rádio/radiola que era incrivelmente “três em um”, toca-fitas, toca-cd e toca-discos, eu e ela passávamos tardes e tardes ouvindo de Raul Seixas à Madonna, Esrasmo Carlos, Gal Costa, Djavan, dentre outros ícones. Foi o meu primeiro contato com a poesia em formato de textos musicais. Era a sementinha que eu semeava para o gosto pela musica, onde atualmente utilizo desse prazer, em tocar violão e compor.
Quando ainda pequenas, eu e minha irmã estudávamos em um colégio perto de onde minha mãe era Diretora, e por muitas tardes tínhamos que ficar por lá até poder voltar para casa no fim do expediente dela. A biblioteca era repleta de livros infantis e escolares, e nossa preferência eram as histórias de princesas e contos populares. Era a época da integralização do computador nas escolas, e além de ler, digitávamos os textos, como se fosse uma brincadeira. Líamos desesperadamente para o tempo