Memórias Póstumas de Brás Cubas
Nascido numa típica família da elite carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas memórias póstumas começando com uma dedicatória: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas. ”
O cinismo com o qual o personagem conduz sua vida, e que faz questão de deixar claro na narrativa, evidencia que nada pode afetar profundamente àqueles que não dependem do seu suor para comer, ainda que todos os seus empreendimentos fossem frustrados. A mais terrível das tragédias, para a burguesia nacional, seria depender do próprio trabalho para sua sobrevivência.
A ironia,usada como principal recurso para trazer à tona padrões de comportamento característicos da sociedade brasileira, especialmente, da elite dominante que queria se mostrar moderna, adotando, no discurso, ideias e postura europeias, mas defendendo, na prática, a manutenção de um sistema retrógrado.
O livro relata a história de um sujeito que não conseguiu fazer realmente nada de significativo na vida. Contudo, não é a vida insípida da personagem principal que torna o romance fascinante, mas o modo como essa história é contada.
Embora Machado de Assis construa seu personagem, considerando um contexto cultural específico, deixa claro que as causas da miséria humana não estão circunscritas a uma cultura ou circunstância histórica.
A miserabilidade é inerente a condição humana, é o que o autor deseja demonstrar em sua última negativa: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
O livro mostra a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar uma nova filosofia, melhor desenvolvida posteriormente em Quincas Borba (1891).
O livro foi desenvolvido em princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880, na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser