Memórias do Espetáculo Luiz Antônio - Gabriela
O espetáculo narra a vida de Luis Antonio desde seu nascimento numa família conservadora em 1953, passando pela infância e parte da adolescência em Santos, a ida para Bilbao na Espanha aos 30 anos, e seu falecimento em 2006, onde viveu até então como Gabriela. A criação do espetáculo, que tem como base documentos e depoimentos de pessoas ligadas à Gabriela, incluindo seu irmão, o próprio diretor da peça, leva para a cena um aparato de memórias que são fundamentais para a construção da obra. É difícil usar como argumento o fato de o espetáculo ser originado a partir das memórias, pois, partindo dos textos estudados e de reflexões pessoais, acredito que a prática de qualquer criação cênica, como um todo, também carrega em si a memória como pilar, seja ela física, mental, espiritual, cultural ou uma série de “memória(s)” acoplada(s)s entre si.
O músculo pulsante da obra, ou seja, a memória, pode ser visto na peça através da documentação, fotos, cartas e objetos apresentados em cena. Claro, o sentido referido à “memória”, nesse contexto, traz em si um caráter físico, ou seja, em forma de registro material. A memória é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal (sou quem sou porque me lembro quem sou), ou ainda, “a memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de informações adquiridas através de experiências[...]” (IZQUIERDO, 1989). Segundo essas definições, a memória abrange dois grandes vértices que compõem a natureza animal (humana). No que se refere a “senso histórico”, pode-se dizer que os registros físicos também constituem a memória e, mais que isso, são partes criadoras, compositoras e fundamentais para que a mesma exista. Diana Taylor, em “Encenando a memória social: Yayachkani” afirma que “a memória do