Memórias de um sargento de milícias
Contexto histórico- Memórias de um Sargento de Milícias é uma das obras mais singulares da Literatura brasileira. Escrita nos primórdios do gênero romanesco entre nós, surge logo após as experiências de Teixeira e Sousa – O Filho do Pescador (1843) –, e Joaquim Manuel de Macedo – A Moreninha (1844). Isso explica alguns traços primitivos de seu estilo e de sua estrutura. Trata-se de um romance de humor popular, baseado nas aventuras de tipos humanos bem característicos da sociedade carioca do começo do século XIX. O humor explorado por Manuel Antônio de Almeida é o mesmo das peças de Martins Pena, o maior dramaturgo do Romantismo brasileiro, autor de O Noviço – encenada em 1845, sete anos antes da publicação de Memórias. http://www.klickeducacao.com.br/materia/21/display/0,5912,POR-21-104-2320-5198,00.html
Contexto social-Publicadas em folhetins anônimos entre 1852 e 1853, as Memórias de um Sargento de Milícias são contemporâneas da geração dos poetas byronianos, egóticos, ultra-românticos (Álvares de Azevedo morreu em 1852 e Lira dos Vinte Anos saiu em 1853). Divergem, contudo, dos exageros sentimentais e imaginativos do “mal-do-século”, bem como da idealização heróica e galante dos romances históricos e dos “perfis de mulher”, que eram as correntes majoritárias na poesia e na ficção, e tinham em Alvares de Azevedo e José de Alencar os melhores paradigmas. Obra “excêntrica”, destoante, original, não logrou sucesso junto ao leitor de sua época, mas antecipou algumas linhas do Realismo, do Modernismo, da Literatura Contemporânea e do folclore nacional. As aventuras e desventuras de Leonardo, o primeiro “malandro” da nossa literatura, ancestral de Macunaíma, “herói-sem-nenhum caráter”, moldado pelas contingências, impulsionado pelo prazer e pela oportunidade, vão compondo um saboroso retrato da vida social e familiar do Rio Colonial, fervilhante com a presença da corte joanina, já em transição para a vida independente. A