memória
Mas o que está a acontecer com a memória das pessoas? É verdade que recebemos cada vez mais estímulos, levando a uma sobrecarga mental. Mas isso não explica tudo. Afinal, se as informações competem por espaço na nossa cabeça, deveríamos lembrar-nos do que é mais importante? Só que geralmente acontece o contrário. Somos capazes de nos esquecermos de um compromisso, mas lembramo-nos do refrão de uma música. Porque esquecemos o que queremos lembrar? A ciência sempre acreditou que recordar um acontecimento ajuda a lembrar outros. Em muitos casos, é verdade. Mas um estudo revolucionário descobriu o oposto. Quando nós recordamos algo, isso gera uma consequência negativa - enfraquece as outras memórias armazenadas no cérebro. "O enfraquecimento acontece porque recordar algo é como é como reaprendê-lo".
As memórias são formadas por conexões temporárias ou permanentes, entre os neurónios. Suponhamos que eu digo uma morada. O cérebro usa um grupo de neurónios para processar a informação. Para memorizá-la, fortalece as ligações entre eles e quando quisermos lembrar-nos da morada, ativa os neurónios. Só que neste processo parte do cérebro age como se a informação fosse uma coisa inteiramente nova, que deve ser aprendida. E essa aprendizagem acaba por alterar as conexões entre os neurónios. Isto interfere com outros grupos de neurónios, que guardavam outras memórias, e chegamos ao resultado: ao lembrar uma coisa, esquecemos outras. O pior é que esse processo não distingue as recordações úteis das inúteis. Conclusão: estamos a esquecer as coisas importantes porque nos lembramos de coisas sem importância.
"Esquecer faz parte de uma memória