Memória da minha avó

Quando vejo os meus netos irem á escola, ao shopping, ao parque de diversão, não tem como não se lembrar da infância sofrida que eu tive, que ao invés de estudar e brincar tinha que trabalhar para ajudar meus pais a colocarem comida na mesa. Na maioria das vezes não tínhamos o mínimo, e o que possuíamos era pouco para dividir com os meus irmãos.
Como qualquer jovem, adorava, porém não tinha o que vestir, nem ao menos o que calçar, sentia uma vontade enorme de colocar uma roupa belíssima para sair, mas o dinheirinho que ganhava trabalhando não dava nem para o básico. Algumas vezes a minha mãe conseguia tecidos em época de eleição e fazia roupas á mão para mim e minhas irmãs. Era um momento de muita felicidade ao ver as roupas sendo costuradas e ao saber que eram minhas, pois para quem não tinha nada, um par de roupas era motivo de festa.
Então escutei as pessoas do bairro falarem que iria ter uma festa na cidade. Lembro-me como se fosse hoje o quanto eu queria estar presente, e ao mesmo tempo me lembrava de que não tinha uma boa roupa. Porém para a minha alegria minha mãe tinha guardado pedaços de tecidos e com eles fez um lindo vestido.
Foi um dia muito emocionante, a festa estava ótima e tinha vários garotos interessados em mim, porém não dava a mínima para nenhum, porque sabia que só queriam brincar comigo. Para a minha surpresa, quando estava indo para casa, percebi que um rapaz me seguia, fiquei assustada e só consegui me acalmar depois que eu vi que as intenções dele eram boas. Os dias foram passando, começamos a sair e a nos conhecer, foi daí que passei a suspirar todas as noites.
Terminei me cansando e formando uma família com ele. A partir daí as coisas foram melhorando, não passei mais fome e consegui retomar meus estudos aos 38 anos, pois tinha estudado até a 4ª série primária, devido a ter que trabalhar e não ter as devidas condições de ir à escola. Naquela época não era como hoje que o governo dá os livros, a farda e o subsídio para ajudar nas