Memorial
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA DOCENTE
ÁREA III – PORTUGUÊS
Coordenadora: Profa. Ana Cristina Coutinho Viegas Supervisora: Denir Ferreira
MEMORIAL CIRCUNSTANCIADO
Por:
Clóvis Machado Moraes
Nasci em uma família em que estudar era considerado sagrado. Professor em minha casa era elevado à categoria de semideus. Como minha mãe era muito religiosa, abaixo de Deus havia somente profissionais como professor e médico que mereciam tanta deferência. Meu pai não se ocupava com essas questões, pois, para dar conta de uma família numerosa, não tinha muito tempo para essa tarefa. Delegava esta função à esposa que, a meu ver, cumpriu-a muito bem. Minha mãe até hoje no alto de seus 84 anos se orgulha de nunca ter faltado a nenhuma reunião escolar de seus filhos. Para ela, estudo é o maior tesouro que um pai deve deixar para seus filhos. Foi com base nesses valores que fui criado e, por que não dizer, formado? Quando o senso comum afirma que a família é a base de tudo, eu me rendo e reconheço neste aforismo uma grande verdade, pois dos valores que carrego comigo até hoje, quase todos nasceram no seio desta família. Tais valores foram moldando meu pensamento, meu caráter e meu destino.
Tornei-me professor. Poderia ser outra coisa? Quando criança tinha verdadeira devoção pela tia do jardim. Na adolescência, profunda admiração pelos diversos professores que propagavam seus conhecimentos por todos os cantos da sala. Tudo para mim era mágico. Nunca deixava de fazer nenhum dever de casa. Tinha de ter letra bonita, exigia-se que fôssemos (eu e meus irmãos) estudiosos e educados com os mestres. Receber reclamação de professor era a morte para minha mãe. Não, não poderia ser outra coisa, pois meu universo familiar só conspirava a favor desta carreira. Como estudar estava quase no DNA da família, fiz vestibular como quem se inscreve para um teste no meio de um bimestre letivo. Passei logo de primeira e na opção que