Introdução A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes incapacitantes, constituindo-se um verdadeiro desafio aos profissionais da reabilitação1. No Brasil, a estimativa é de que ocorram 6000 novos casos a cada ano. A maioria são lesões traumáticas, das quais cerca de 80% são provocadas por acidentes automobilísticos, acidentes de trabalho, ferimentos por projéteis de arma de fogo, esportes e quedas2. A lesão medular afeta principalmente adultos jovens. Nos Estados Unidos, no período entre 2000 e 2006 a idade média de indivíduos com lesão medular foi 32,8 anos3. Com base nesses dados, é possível dimensionar o grande impacto social e financeiro da lesão destes pacientes jovens, que subitamente se tornam funcionalmente dependentes1. Diante da ênfase atual na contenção de custos no cuidado com o paciente e da necessidade de se diminuir o tempo de internação, a reintegração na comunidade emergiu como importante meta da equipe de reabilitação. Além de promover a independência nas atividades diárias e buscar a melhora da qualidade de vida, a intervenção desses profissionais deve objetivar que indivíduos com incapacidades restabeleçam, na medida do possível, as funções e papéis sociais previamente existentes4,5. De acordo com a atual Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), um indivíduo que apresenta uma lesão ou doença pode estar limitado na realização de suas atividades ou restrito na participação social, não apenas pelas alterações em suas estruturas ou funções corporais, mas também pela influência de fatores pessoais e ambientais. Esses fatores podem atuar como barreiras e limitar o desempenho de atividades e a participação social6,7,8. Esse embasamento conceitual configura uma abordagem biopsicosocial7 do processo de saúde-doença e oferece aos profissionais da reabilitação um modelo teórico para a prática clínica e o desenvolvimento de pesquisas. Além disso, possibilita melhor