Memorial de Alfabetização

Tenho lembranças saudosas da minha época de alfabetização, me recordo que estudava em uma escola pública, de um município bem pequeno e pouco conhecido, no estado do Ceará. Eu sempre demonstrei uma vontade enorme de ir à escola, pois via todos os dias meu irmão, que é mais velho, e meu pai, que era secretário público de uma outra escola no mesmo município, saírem em direção às suas respectivas instituições, lembro que eu chorava desconsoladamente nos braços de minha mãe porque queria ir junto com eles. Lembro também que minha mãe ficava comigo e me dava sempre algo para escrever, desenhar e colorir, acredito que pra suprir o desejo de ir à escola. Então quando atingi a idade de ir para a escola eu fui estudar na mesma escola que o meu irmão, meu pai não queria que nós fossemos pra mesma escola que ele trabalhava pra evitar possíveis privilégios e “dengos”. Antes de ir para a Alfabetização, o que hoje equivale ao primeiro ano do ensino fundamental, eu passei primeiro pelo Jardim II, o equivalente ao infantil 5. Não lembro exatamente o nome da minha primeira professora, só sei que todos a chamavam carinhosamente de “Maninha”, ela tinha uma voz muito suave, era doce e amável e por ela tive muita admiração. Nessa mesma sala tive outra professora chamada de Josielma, uma espécie de anjo em forma de estagiária, por quem me apaixonei e fiquei muito próxima, mas por pouco tempo, quando estávamos de férias ela faleceu, foi uma época muito difícil. Contudo foi nesse mesmo ano que tive o primeiro contato com os códigos de escrita, a cada dia memorizávamos as “familinhas” do alfabeto e aos poucos íamos encaixando sílabas e formando palavras, sem questionamentos, sem uma visão mais ampla do que significava a leitura e a escrita, só sabia que era algo muito importante para aprender e eu gostava da possibilidade de ler e escrever sozinha. No ano seguinte cheguei à alfabetização e pra mim foi mais uma perda, fui quase que arrancada dos braços da Tia Maninha, queria ser aluna dela