Meio ambiente
1.1. Introdução
A situação de insustentabilidade ambiental na sociedade contemporânea, considerada por muitos como uma crise na relação ser humano-natureza sem precedentes na história da humanidade (GONÇALVES, 1996), vem exigindo uma reflexão sobre o que se convencionou chamar de questão ambiental. A crise na relação sociedade-natureza, ou seja, a crise ambiental tem levado à necessidade de recolocar em questão a organização da sociedade ocidental, seus modos de produção e de consumo, a maneira de gerir os recursos naturais, o modo de vida e a ciência, apontando-se a necessidade de ações urgentes. Nesse sentido, ao buscarem uma forma de compreender e discutir caminhos para a relação entre ser humano e natureza, Pelizzoli (2002) assinala que é necessário ponderar a respeito das possibilidades de uma ética que considere os valores e direitos humanos, mas que, além disso, valorize a vida como um todo e não somente a pertencente aos seres humanos. A proposta de uma outra relação sociedade-natureza parte da crítica ao paradigma e visão de mundo da modernidade e aos modelos de civilização e de progresso atuais. Grün (2000) ressalta que uma das principais causas da degradação ambiental tem sido entendida a partir do fato de vivermos sob a égide de uma ética antropocêntrica. Nessa ética, o sistema de valores instituídos considera o ser humano como centro do universo, no qual todas as coisas existem em função dele e para ele. A natureza é vista como algo sem vida e mecânico, um elemento desprovido de valores que não os utilitários. Assim, entende-se que a visão mecanicista da natureza está intimamente associada à ética antropocêntrica, na qual o ser humano retira-se da natureza, pois sua capacidade racional específica, não identificada em outros seres da natureza, torna-o separado e ao mesmo tempo ocupando um lugar central. Estabelece-se, com isso, uma valorização utilitária da natureza: ela vale pelo uso que