medeia
PERSONAGENS
AMA
ESCRAVO
MEDÉIA
CORO
CREONTE
GLAUCE
JASÃO
EGEU
MENSAGEIRO
FILHOS DE MEDÉIA
Medéia está estendida, sem tomar alimento, abandona-se à dor; e não cessa de se consumir em lágrimas, desde que sabe da traição do esposo. Odeia os filhos, tremo à ideia de que medite algum golpe imprevisível. É uma alma violenta; não suportará essa injuria: eu a conheço, ela me assusta. Temo que, entrando em silêncio no aposento onde está armado seu leito, enterre ela no peito um ferro afiado, ou mate a filha do rei e aquele que desposou, e desse modo atraia maiores calamidades. Ela é terrível; e, com ela, se se tem que lutar contra o seu ódio, não é fácil a vitória. Mas eis as crianças que voltam do ginásio, sem pensar nas infelicidades da mãe; as almas jovens não conhecem o sofrimento.
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ESCRAVO
Velha escrava da casa de minha ama, por que estás aí, solitária, diante dessa porta, contando a ti mesma tuas tristezas? Como é que Medéia consente em ficar sozinha, sem ti?
AMA
Ancião, guarda dos filhos de Jasão, a infelicidade dos amos causa a dos servidores fiéis e lhes dilacera o coração. Para mim é tamanho o pesar, que me deu vontade de vir aqui contar a terra e ao céu os infortúnios de minha senhora.
AMA
Entrai, crianças, tudo acabará bem. E tu, conserva-as o mais possível afastadas e não as deixes ao alcance da mãe irritada. Já a vi lançar sobre elas um olhar feroz, como se meditasse algum funesto desígnio. Sua cólera não se apaziguará, estou certa disto.
MEDÉIA
Ah! Como sou infeliz! Sofrimentos cruéis! Ai de mim!
Ai de mim! Por que não posso morrer?
Ai de mim! Sofro, desventurada, sofro, e não posso conter os meus gritos de dor. Malditas crianças de mãe odiosa, morram com seu pai! Que toda a nossa casa pereça!
AMA
Então os filhos compartilham do crime de seu pai? Odiá-los por quê? Ah! Meus filhos, com angústia