Max weber
“... a burocracia é essencialmente um conceito de esfera política, e, nesta medida, se diz respeito ao poder, diz respeito também à liberdade”. (Francisco C. Weffort)[1]
“Weber estudou a burocracia porque via na sua expansão no sistema social o maior perigo ao homem. Estudou-a para criar os mecanismos de defesa ante a burocracia”. (Maurício Tragtenberg, 1980: 13
A obra Educação e Liberdade em Max Weber, de Alonso Bezerra de Carvalho, resulta da sua tese de doutorado defendida em fevereiro de 2002, na Faculdade de Educação da USP, sob a orientação do professor Antônio Joaquim Severino. O autor se indaga sobre o significado da educação num mundo intensamente racional e burocrático, um mundo desencantando. Qual o espaço para a liberdade e a educação neste contexto?
O autor parte do princípio de que “o carisma entendido como o clinamen (desvio) das regras instituídas burocratizantes, garantindo o desenvolvimento da liberdade que, rompendo com o determinismo inerente a qualquer situação objetiva, abre espaço para o exercício da autonomia”. A partir deste pressuposto, torna-se possível “pensar uma educação que, em vez de se burocratizar e normatizar friamente, rompe e revoluciona, se expande, autocontroladamente, garantindo a autonomia” (p. 28).
O carisma aparece, então, enquanto fator de equilíbrio que pode impedir o avanço da burocratização, a qual tende a restringir a liberdade. À dominação burocrática, que asfixia a liberdade e delimita o campo da educação, o autor contrapõe a dominação carismática enquanto possibilidade de equilibrar o poder burocrático. Há, em sua concepção, uma aproximação entre o pensamento weberiano e nietzscheano. A partir desta identificação ele argumenta que “a dominação burocrática e a dominação carismática representam o conflito da vida encontrado no pensamento nietzscheano. A burocracia e o apolíneo, o carisma e o dionisíaco são dimensões representativas do caráter agonístico do mundo e se referem