max weber
Em "A Ética Protestante e o ‘Espírito’ do Capitalismo", Max Weber (1864-1920) busca compreender um fenômeno observado na transição do século XIX para o XX, evidenciado no maior desenvolvimento capitalista de países de confissão protestante e a maior proporção de protestantes entre os detentores de capital, aqueles mais qualificados e, como corolário, integrantes das camadas superiores.
Na busca por uma resposta a tal fenômeno, o autor articula os conceitos da teologia protestante com a sociologia alemã, ressaltando o capitalismo não nas suas esferas mais ordinárias, ou comuns, considerado apenas no âmbito material e econômico, mas como um espírito, extravasado em grupos, principalmente protestantes, como uma cultura, uma conduta de vida cujos fundamentos morais e simbólicos estão incrustados no modo de vida religioso dos povos protestantes.
A análise realizada parte do pressuposto de que a participação nas funções econômicas e nas atividades mais qualificadas só é possível se houver a posse de capital ou como resultado de uma educação dispendiosa (não sendo raras as oportunidades em que ocorrem a combinação de ambos os fatores, pelo contrário!) e tais características são observadas em alguns países, mas focando principalmente a Alemanha, Weber identifica que as regiões mais "favorecidas pela natureza ou pelas rotas comerciais" [03] e, portanto, mais desenvolvidas economicamente, tem o protestantismo como religião. Mas por que isso ocorre? A pergunta ecoa com mais força a partir do momento em que se observa o protestantismo como uma regulamentação religiosa levada a sério e de uma incomoda conduta de vida, dado que apresentava uma série de restrições nas esferas pública e privada, em contraponto a uma igreja católica que punia os hereges, mas era indulgente com os pecadores [04].
A ética protestante é vista, no contexto da Reforma, como crítica do Catolicismo, e propunha uma forma de religiosidade diferente, mais