MAURICIO
Foucault avalia que, se por um lado, o sujeito é constituído a partir de imposições que lhe são exteriores, sendo compreendido como um produto das relações de saber e de poder; por outro, o sujeito é constituído a partir de relações intersubjetivas, em que há espaço para a manifestação da liberdade que possibilita a criação de si mesmo como um sujeito livre e autônomo. Em linhas gerais, Foucault estabelece uma tensão entre a constituição de um sujeito passivo assujeitado e de um sujeito ativo criador. Por isso, o poder, ou melhor, as relações de poder que permeiam as práticas dos indivíduos, não são fundamentalmente negativas, mas sim constituem o arcabouço a partir do qual as relações humanas são firmadas. Portanto, passíveis de alteração pelos próprios sujeitos, mediante uma renovação de suas práticas sociais e subjetivas. O interesse de Foucault, já em uma etapa final de sua vida intelectual, se localiza nas práticas de liberdade intrínsecas às relações de poder.
No centro da relação de poder encontra-se tanto o querer e a liberdade, quanto o controle e disciplina. Nessa perspectiva, a liberdade é pré-condição da existência de relações de poder e seu suporte permanente, pois,