Mata atlantica jornal
HERTONESCOBAR
14 Agosto 2015 | 18:36
Pesquisa liderada por brasileiro em Princeton, nos EUA, mostrou que essa habilidade cognitiva não é exclusiva dos seres humanos. Trabalho é destaque de capa na revista Science.
Capa da revista Science desta semana.
Os guinchos de um macaquinho da Mata Atlântica na Universidade Princeton, nos Estados Unidos, colocaram o Brasil na capa da revista Science. O estudo que ilustra a capa do famoso periódico científico americano esta semana é de um pesquisador brasileiro: Daniel Yasumasa Takahashi, médico, matemático e bioinformata formado pela Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa mostra que os saguis-de-tufo-branco aprendem a vocalizar com a ajuda de seus pais, da mesma forma que uma criança humana aprende a falar — ouvindo, imitando e recebendo feedback acústico dos adultos. Uma habilidade cognitiva que, até agora, pensava-se ser exclusiva dos seres humanos e de algumas aves. Nem mesmo chimpanzés, quando testados, demonstraram tal capacidade.
Os saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus, também chamados de micos), são uma espécie comum de macaco da Mata Atlântica. Takahashi conta que decidiu trabalhar com eles porque são animais muito sociais e que utilizam muito as vocalizações para interagir uns com os outros. Ele já havia notado que essas vocalizações mudam bastante à medida que os macaquinhos crescem, passando de um choro aleatório para guinchos mais organizados, que os adultos usam para se comunicar na mata.
Dizia a “regra” (não só para os saguis, mas para quase todos os animais além do homem) que essa transformação das vocalizações ocorria pela simples evolução anatômica dos bichos — ou seja, pelo desenvolvimento das cordas vocais, aumento do pulmão e das cavidades respiratórias, melhor controle da respiração, etc. Não por aprendizado decorrente de interações sociais. “Sempre que alguém detectava alguma mudança de vocalização achava que isso era devido ao crescimento do