Marx
(Hênio) – É que gostaria de explicar a várias pessoas teu conceito de mercadoria que aparece naquele aquele teu texto... A Mercadoria.
(Marx) – Mas qual o problema? Nós já conversamos sobre ele várias vezes... Pensei que tu concordavas com o que escrevi...
(Hênio) – Concordo, em parte, mas discutir é uma coisa, escrever é outra muito diferente...
(Marx) – Posso tentar te ajudar, se tu deixares, é claro.
(Hênio) – Eu aceito a ajuda...
(Marx) – Vamos começar então...
(Hênio) – A mercadoria é, na sociedade capitalista, a forma elementar da riqueza. O acúmulo das mercadorias significa acúmulo de riquezas...
(Marx) – Exatamente. A mercadoria é um objeto externo – uma “coisa” que possui propriedades – utilizado para satisfazer as necessidades (Bedürfnisse) humanas.
(Hênio) – E o que isso tem a ver com o valor da mercadoria?
(Marx) – Primeiro é necessário diferenciar o valor-de-uso e o valor-de-troca. O valor-de-uso é dado pela utilidade da mercadoria. Ela própria é um valor-de-uso. Esse tipo de valor só se realiza no consumo. É o conteúdo material da riqueza e os veículos materiais do valor-de-troca.
(Hênio) – E como sei sobre o valor-de-troca?
(Marx) – Através da relação quantitativa de valores-de-uso diferentes. Aparentemente, a mesma mercadoria tem vários valores-de-troca, pois pode ser trocada por várias outras em quantidades diferentes. O que acontece é que todos os valores-de-troca de uma mercadoria representam uma igualdade, expressando uma substância distinguível dele.
(Hênio) – Como assim? Não compreendi muito bem...
(Marx) – Hênio, se pegarmos duas mercadorias: o trigo e o ferro, independentemente da proporção das trocas, é possível expressá-la com uma igualdade, por exemplo, uma tonelada de trigo = n toneladas de ferro.
(Hênio) – Mas como comparar duas mercadorias de espécies diferentes?
(Marx) – Aí é que está: é como se houvesse uma terceira coisa,