Marx e a Teoria de Classe Social
PARTE I
Classes Sociais e Estrutura Social
Referência: QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
A concepção de classe social para Marx tem como ponto de partida as relações estabelecidas pelos homens no processo de produção. Nestas relações, uma parcela do que é produzido socialmente é apropriada por não produtores. A configuração básica de uma sociedade de classes para Marx se expressa, de maneira simplificada, num modelo dicotômico: de um lado, os proprietários ou possuidores dos meios de produção, de outro, os que não os possuem.
Historicamente, essa polaridade apresenta-se de diferentes maneiras conforme as relações sociais e econômicas de cada formação social. Exemplo disso são as subdivisões no interior das classes sociais, como ocorre com o crescimento das chamadas “classes médias” e dos setores tecnoburocráticos.
Vale ressaltar que esta polaridade é uma abstração, um esquema teórico que não consegue absorver a complexidade e variações da estrutura de classes presentes em sociedades concretas.
O estabelecimento de novas relações sociais de produção dá espaço para o surgimento de novas classes, mas este fato quase nunca representa uma completa extinção dos modos de produção anteriores, cujos traços às vezes só gradualmente vão desaparecendo. É possível verificar a existência de antigas relações de produção, às vezes sob novas roupagens, tanto no campo como nas cidades. A crítica feita pelo marxismo à propriedade privada dos meios de produção da vida humana dirige-se, antes de tudo, às suas consequências: a exploração da classe de produtores não-possuidores por parte de uma classe de proprietários, a limitação à liberdade às potencialidades dos primeiros e a desumanização de que ambos são vítimas. A história das sociedades cuja estrutura produtiva baseia-se na apropriação privada dos meios de produção pode ser descrita como a história das lutas de