Marx e a filosofia
O objetivo principal do artigo é resgatar uma velha questão polêmica entre os intérpretes de Marx: a relação do pensamento marxiano com a filosofia, e também com a questão metodológica, mas sem pretensão de esgotar tal instigante assunto. Em verdade, trata-se de indicar alguns elementos para evidenciar que não se quer dizer que esse é um tema "esgotado". Ao contrário. Assim, após esboçar a relação crítica de Marx com a tradição clássica alemã, responsável, talvez, pelo surgimento de tantos embaraços, o artigo procura esclarecer o modo como Marx entende e concebe as funções operativas da razão, bem como o estatuto que a objetividade possui em sua trajetória teórica. Ademais, problematiza-se o caráter mesmo que o saber assume em seu corpus teórico: seria um saber especulativo ou um saber da transformação? Por fim, intenta-se esclarecer o caráter do materialismo instaurado por Marx, como também referências feitas em O capital à dialética hegeliana.
1_ Objetivo geral
O tema em pauta, ou seja, Marx e a Filosofia, mereceu e tem merecido a atenção de um sem-número de intérpretes, podendo ser considerado, assim, uma das mais polêmicas discussões travadas em torno da obra marxiana. Mas vale a pena lembrar Gramsci (1972, p. 116) de modo sucinto, com o objetivo de tornar claro o clima que orienta nossa exposição:
É preciso ser justo com os adversários, no sentido de que é necessário esforçar-se por compreender o que estes quiseram dizer realmente, e não se deter maliciosamente nos significados superficiais e imediatos de suas expressões.
Dito isso, é imperioso ressaltar que o nosso objetivo aqui não é o de esgotar tal polêmico tema, mas, antes de tudo, chamar a atenção para alguns pontos, que, talvez, até hoje, não tenham sido levados devidamente em consideração nas acirradas disputas teóricas sobre o caráter da relação entre Marx e a Filosofia. O objetivo é, portanto, indicar algumas chaves analíticas, sem a preocupação de tomar para exame crítico esse