maria laura
Maio 2013
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Prédios na capital paulista: diálogo de especialistas pode ressaltar diferenças e problemas comuns entre latino-americanos
Contradições da
América Latina
Geógrafa argentina ressalta que maior número de consumidores não elimina pobreza no continente
Maristela Garmes
E
m março, o programa de pós-graduação de
Geografia da Unesp de Rio Claro fez 30 anos.
Em comemoração, foi proferida uma aula magna com a geógrafa argentina Maria
Laura Silveira. Pesquisadora independente do Consejo
Nacional de Investigaciones
Científicas y Técnicas (Conicet) na Universidade de Buenos
Aires, Maria Laura tem uma longa ligação com o Brasil, onde fez doutorado, ministrou aulas na Universidade de
São Paulo (USP) e realizou pesquisas em colaboração com Milton Santos. O geógrafo foi um dos assuntos que ela avaliou nesta entrevista, que também abordou os reflexos da globalização na América Latina.
Jornal Unesp: O legado de
Milton Santos permanece atual?
M aria L aura Silveira: Nas universidades brasileiras e mesmo latino-americanas encontramos numerosas pesquisas, teses e dissertações realizadas a partir de uma adequada operacionalização desse sistema de conceitos.
Como toda teoria, ela também é histórica, datada, mas os elementos constitutivos e as tendências da globalização que
Milton analisou continuam ainda vigentes.
JU: Qual foi a contribuição dele para o estudo da Geografia?
M aria L aura : Podemos destacar três vertentes. A primeira é teórico-filosófica. Ele produziu uma teoria com categorias, conceitos, premissas e conteúdos históricos que definem claramente o espaço geográfico. A segunda se refere aos estudos urbanos. No livro
O espaço dividido, ele explica
como a cidade é um sistema formado por dois circuitos da economia urbana, opostos e complementares, que permitem produzir e consumir de forma desigual. Por último, a questão da cidadania. Sua preocupação era ver a relação do