Mari
Como é estar sob o peso dos nossos amores?
José Leonílson Bezerra Dias, ou simplesmente Leonílson, sabe o que isto quer dizer como ninguém.
Nascido em Fortaleza e paulistano por adoção, este importante artista plástico sempre procurou passar um pouco de si e de suas paixões em sua arte. Extremamente autobiográficas e intimistas, suas obras, por vezes expõem de forma clara as frustrações e escolhas do artista. Mesclando imagens e palavras, ele tenta passar sua mensagem. A palavra compõe seus quadros com tanta importância quanto à imagem retratada, sem amarras, ele por vezes quebra regras gramaticais, a favor de sua poesia visual. Este recurso gráfico é usado repetidamente, criando quase que uma literatura inserida em suas telas, tal qual uma história em quadrinhos.
Suas criações não buscavam a perfeição estética, não havia nelas uma preocupação com o acabamento ou a plasticidade. Utilizando técnicas variadas, Leonílson consegue quebrar alguns paradigmas em uma época de contestação, principalmente sexual, como foram os anos 80. A tinta lançada pura sobre a tela, os bordados, desenhos feitos sobre papéis milimetrados, caracterizam uma arte aparentemente displicente, mas extremamente contestadora.
Leonílson gostava muito de viajar, em sua obra é fácil encontrar objetos e telas com temáticas navais e aéreas. Navios, aviões, carros eram constantes em suas criações. Usando metáforas como o mundo e figuras geográficas, tenta sempre mostrar suas paixões, desejos e anseios.
Sua busca sempre foi o ser amado, e principalmente ser amado. Por vezes suas obras nos passam uma aura sexual, seja nos contornos, seja nas palavras precisamente colocadas em suas composições.
À partir do momento em que toma conhecimento de sua doença, o artista passa a ser mais intimista ainda. Suas obras passam a ter um tamanho menor e são criações mais simples, porém sem nunca perder o caráter autobiográfico.
Em 1993, vencido pelo HIV, Leo nos deixa, porém seu legado