marcos históricos e paradigmáticos da saúde do trabalhador
2.1 Uma breve visão histórica da área Saúde do Trabalhador
Desde a Antiguidade greco-romana, o trabalho já era visto como um fator gerador e modificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Trabalhos de Hipócrates, Plínio, Galeno e outros chamavam a atenção para a importância do ambiente, da sazonalidade, do tipo de trabalho e da posição social como fatores determinantes na produção de doenças. Com a realidade social de tais épocas, em que nações escravizavam outras nações subjugadas em guerra, esses relatos dificilmente teriam o cunho de denúncia social. enfatizou a importância do estudo das relações entre o estado de saúde de uma determinada população e suas condições de vida, que estavam, segundo ele, na dependência da situação social (ROSEN,1994). E, na verdade, se observarmos como pano de fundo o panorama político-social da Europa de então, encontraremos a visão de Ramazzini aceita por muitos, acrescentando-se a ideia de que a vida social e tudo que a ela se referisse (tal como condições de trabalho e de saúde) deveriam estar a serviço do Estado, configurando-se aí um dos elementos doutrinários de um sistema, a que se chamou mais tarde de mercantilismo ou cameralismo. Voltando às referências de doenças associadas ao trabalho, lembramos MORGANI que em Tratado de Patologia de 1761 apud MENDES (1980) observou e enfatizou o item ocupação,no relato de todos os casos descritos. PERCIVAL POTT, em 1776, fez as primeiras e minuciosas referências a câncer escrotal em limpadores de chaminés, o que, na verdade, se constituiu como marco inicial dos estudos de relação entre câncer e trabalho (apud MENDES, 1994).
Em toda a Europa, principalmente na Alemanha, mas também na França e na Inglaterra, difunde-se a doutrina da Medicina de Estado, baseada em ideólogos como PETTY que afirma; "...uma população saudável é sinônimo de opulência e poder". Vivia-se a preocupação com a urbanização crescente,