Marcos conceituais para o desenvolvimento da interdisciplinaridade
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Marcos Conceituais para o Desenvolvimento da Interdisciplinaridade
Sociólogo, Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná
Dimas Floriani
NATUREZA E SOCIEDADE: PASSAGEM PARA UMA NOVA CIÊNCIA Seria pretensioso estabelecer uma nova base para um sistema de conhecimentos da natureza e da sociedade, no momento mesmo de rupturas ainda inconclusas. Principalmente ao levar-se em conta que, uma vez separadas as concepções sobre ambos os sistemas (natural e social), ao longo dos últimos séculos, não basta a simples vontade de unificá-los para criar uma nova epistemologia ambiental. Não basta também tratá-los como uma só coisa, pelo fato de as sociedades humanas se desenvolverem no interior dos espaços naturais. Por outro lado, considerar que a visão humana da natureza é construída socialmente, é uma verdade banal que não acrescentaria grande coisa ao que já se conhece sobre a discussão (WOODGATE e REDCLIFT14 1998). No contexto de uma sociedade que artificializa de forma constante e crescente a matéria, simulando e criando cada vez mais energia, contida na natureza, o que separa um fato natural do social? Qual é o ponto de partida para se definir ‘natureza’? É puramente “natural” a natureza intocada? Não seria uma maneira de excitar a memória, pronta para ocupar-se dela, com desejos de posse turística? Conseqüentemente, a idéia sobre seu estado natural já é consciência de algo que, por sua vez, é uma construção social de “natureza”. Aqui, o conhecimento, além de uma expressão refletida do mundo, resulta também do modo de classificá-lo e de como é apropriado: causa e efeito tornam-se complexas espirais de significados e de práticas sociais dos homens em
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Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais
comunhão com a natureza. São as interações entre indivíduos que produzem a sociedade, que não existe sem eles. Ao retroagir sobre eles, porém, a sociedade os produz como indivíduos humanos, ao produzir