Mar Bravo Uma An Lise
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Fabio de Souza Gonzales
Nº USP: 9041976
Análise do poema Mar Bravo de Manuel Bandeira
São Paulo
2014
Análise do poema
Mar Bravo
Manuel Bandeira
Mar que ouvi sempre cantar murmúrios
Na doce queixa das elegias
Como se fosses nas tardes frias
De tons purpúreos
A voz de minhas melancolias
Com que delícia neste infortúnio
Com que selvagem profundo gozo
Hoje te vejo bater raivoso
Na maré cheia de novilúnio
Mar rumoroso!
Com que amarguras mordes a areia
Cuspindo a baba da acre salsugem
No torvelinho de ondas que rugem
Na maré cheia
Mar de sargaços e de amarugem
As minhas cóleras homicídas
Meus velhos ódios de iconoclasta
Quedam-se absortos diante da vasta,
Pérfida vaga que tudo arrasta
Mar que intimidas
Em tua sondas precipitadas
Onde flamejam lampejos ruivos,
Gemem sereias despedaçadas,
Em longos uivos
Multiplicados pelas quebradas
Mar que arremetes, mas que não cansas
Mar de blasfêmias e de vinganças,
Como te invejo! Dentro de meu peito
Eu trago um pântano insatisfeito
De corrompidas desesperanças...
1.Comentário
O referido poema data de 1913, fase predominantemente simbolista do poeta ainda que seja possível perceber indicativos das mudanças de estilo que se consolidaria ao longo de sua obra. Vale mencionar que Manuel Bandeira nasceu no Recife, aos quatro anos de idade, mudou-se com a família para Rio de Janeiro, depois para São Paulo e novamente para o Rio. Todas essas mudanças ocorreram dentro de um período de apenas dois anos. Aos seis anos de idade Bandeira retorna com a família para Pernambuco. A essa fase de sua infância, o poeta atribui grande valor: O poeta chama a fase de armação de sua mitologia.
O poema chama-nos atenção por vários aspectos e, numa primeira leitura, poderíamos destacar a simplicidade como um aspecto marcante. Não há empregos lexicais complexos nem utilização de linguagem formal.
O poema é composto de seis