Manual da Teoria da Cor
Rui Pinto de Almeida
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Introdução
O estudo da percepção da cor e da sua aplicação durante séculos coloca-nos questões difíceis mas apaixonantes que este documento procura tratar.
O conhecimento técnico e estético da cor pelos artistas, durante séculos e séculos, provém essencialmente de um pensamento analítico. Daqui resulta uma profunda familiaridade com os materiais, tanto em termos físicos como perceptivos, o que explica as maravilhosas obras de arte que chegaram até nós.
Simultaneamente, mágicos, sacerdotes, filósofos, construindo modelos mentais, sintéticos e não analíticos, teorizavam sobre a cor, nos reinos do pensamento, da imagem, das associações abstractas e da linguagem, embora sem resultados verdadeiramente significativos.
Mas, num determinado momento da História, surge uma nova estratégia de pensamento que tende a fundir estes dois modelos mentais: a ciência moderna.
Embora limitada pela matéria, a Ciência é capaz de, baseada no pensamento, partir para hipóteses totalmente inovadoras que contradizem radicalmente a experiência quotidiana. Relativamente à cor foi o que fez Isaac Newton (séc. XVII) afirmando que o branco é a soma de todas as cores, e Huyghens, afirmando que a luz é um fenómeno ondulatório, ou ainda, uns séculos mais tarde, Young, afirmando que o amarelo resulta de uma mistura de vermelho e verde, e que se pode obter o branco misturando amarelo e azul-violeta, referindo-se todos eles ao fenómeno que actualmente se chama de Sistema Aditivo.
E, no estudo da percepção das cores, foi o que fizeram também, mais tarde, Helmholtz e Hering, defendendo, um, a teoria tricromática do fenómeno da visão, outro, a teoria das cores opostas, aparentemente incompatíveis, mas que, nos dois últimos decénios, graças a novas investigações científicas, deram origem a teorias capazes de integrar os princípios básicos de ambas. Para a cor, como para outras percepções humanas, há ilusões sobre as