Manoel de barros se considera um songo
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O poeta Manoel de Barros e o jornalista e amigo, há 20 anos, Bosco Martins
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Bosco Martins · Bonito, MS
11/12/2006 · 88 · 4
Especial para a Caros Amigos por Bosco Martins
“Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens”.
Ao completar 90 anos o poeta Manoel de Barros se considera um songo. Em matéria exclusiva ao jornalista Bosco Martins à revista Caros Amigos, o poeta narra o encontro com seu mito Guimarães Rosa, fala do amor por Stella, sua companheira há sessenta anos e da vanguarda primitiva. O poeta aniversaria em 19 de dezembro e nos presenteia com um poema inédito, Um Songo.
O mito se encontrava apoiado na balaustrada da embarcação, olhando andorinhas que se dirigiam ao pôr-do-sol. A cena se passa na década de 40 e o encontro se deu num barco no “mar paraguaio” do pantanal sul-mato-grossense. Transbordando encantamento, o rapaz franzino se aproxima do grande escritor, que todo aristocrático, se abanava num leque. “Andorinhas encurtam o dia”. Ao fazer o verso de improviso, iniciou-se naquele momento a amizade entre o poeta e o seu mito.
Os indícios desta amizade estão na biblioteca Guimarães Rosa, que é conservada na Universidade de São Paulo, onde há exemplares de livros de Manoel de Barros.
As semelhanças entre Guimarães Rosa e Manoel de Barros adquiriram formas evidenciadas em suas trajetórias literárias e pessoais, a partir daquele instante.
As estruturas formais de sua poesia se assemelham do mistério semântico da obra de Rosa. Não só criam e remexem com as palavras, mas se servem de uma maneira bastante simbólica da linguagem popular, mesmo tendo escrito em gêneros diferentes, um em poesia e outro numa prosa poética. Como no romance de Rosa, a poesia de Manoel de Barros também pode ser lida em vários níveis. Existem pontos de leitura que tornam indiscerníveis os limites das palavras rosianas e dos lugares manoelês. Especialista das obras de Barros e Rosa, o professor