Manifesto pelo direito de acreditar

1196 palavras 5 páginas
Acredito na educação com a própria vida: sou professora. Antes de me tornar professora, fui estudante da escola pública brasileira. E para que a estudante de escola pública que eu era pudesse sonhar em se tornar uma universitária, tive de deixar minha cidade (Guarapari-ES) e minha mãe para ir morar com um pai que eu mal conhecia, mas que tinha o poder do capital. O poder do capital me inseriu num cursinho preparatório em que descobri o quanto eu não sabia e o que precisaria saber para ingressar na Universidade. Assim, pela via do exílio e da redenção “ao estranho que me forneceu o passaporte financeiro”, passei no vestibular, e me tornei uma universitária. Hoje, sou Mestre em Estudos Literários e Doutoranda em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo. E sou professora.

Nos últimos seis anos, lecionei no cursinho gratuito “Projeto Universidade Para Todos”. Lá, vi sonhos de estudantes de escolas públicas (tão semelhantes à meninazinha exilada que aos 17 anos deixou seu mundo) se realizarem. Servi de degrau à conquista de alguns milhares de jovens pobres, e de seus genitores e progenitores que não tiveram as mesmas possibilidades e então se realizavam por tabela no sucesso dos filhos. Vi filhos de pedreiros virando engenheiros e filhas de domésticas virando psicólogas. Uso o impróprio verbo virar para metaforizar, mesmo, a virada nas condições e expectativas de vida dessa gente tanta, e tão forte, e tão resistente. Mas essa felicidade de pobre, mais essa (!) não passou impune. Mais uma vez, as pressões do capital ameaçam anular gente boa, destitui-la dos sonhos, dissuadi-la das ilusões. O Projeto Universidade Para Todos parece estar com os dias contados.

O cursinho, de perfil filantrópico, funciona movido a apoios, patrocínios, investimento de quem pode em quem quer e sabe fazer as coisas. Já contou com o suporte de Prefeituras – Guarapari e Serra, por exemplo –, de empresas particulares como a Arcelor, e, em sua época áurea – áurea por conta

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