MANCHESTER, Alan. O preço do Reconhecimento (1822-1827)
Cap. 1: O preço do reconhecimento – Há o preço do reconhecimento português e o inglês
Devido à pressão exercida pelas cortes portuguesas para que o Brasil voltasse à situação de colônia, as classes brasileiras dominantes, ou os portugueses que, de alguma forma, estavam ligados a ela, forçaram D. Pedro a se separar de Portugal. Entretanto, as monarquias conservadoras europeias se recusavam a reconhecer a independência brasileira. Para isso, o apoio da Inglaterra era fundamental. Mas para reconhecer o novo Estado brasileiro, a Inglaterra precisava do consentimento português assegurando algumas garantias a este.
Todavia, a situação foi se postergando e, com medo de que o Império Brasileiro se esfacelasse, e, consequentemente, perdesse consideravelmente seus privilégios no Brasil, a Inglaterra passa a pressionar Portugal para reconhecer o Estado brasileiro, com a imprescindível manutenção da monarquia sob a tutela de Pedro de Alcântara, além da absoluta soberania brasileira.
Depois de grandes esforços, a Inglaterra conseguiu finalmente que Portugal reconhecesse a independência brasileira, mas não sem um preço: o valor de 2 milhões de libras esterlinas, quantia que fora emprestada ao Brasil pelo Banco de Londres. Feito isso, a Inglaterra passou a se empenhar na garantia dos seus privilégios no Brasil. Além de um novo tratado comercial com vantagens imensas para o lado inglês, era exigido também o fim do tráfico negreiro.
A questão comercial foi resolvida com a Inglaterra gozando de todos os seus privilégios pré-independência. Todavia, a questão do tráfico permanecia como fonte de atrito entre brasileiros e ingleses. A questão do tráfico era ponto nevrálgico na situação político-econômica brasileira, fazendo com que os próprios estadistas, dentre eles, D. Pedro e José Bonifácio, reconhecessem a impossibilidade de findar o tráfico em breve.
Além de serem a principal fonte de mão-de-obra para o sistema agroexportador