Magritte
Paradoxalmente, ele se sentia incomodado com esta denominação.
Talvez porque as definições dadas a este movimento artístico fossem amplas e profusas demais, e ele não se enxergasse por completo em todas elas. Magritte não gostava que dissessem, por exemplo, que seus quadros eram como sonhos – ao contrário, segundo ele, o objetivo das telas era que nos fizessem “ver melhor”. (Veja: Frases de René Magritte.)
De fato, o Surrealismo não foi um movimento em que todos os pintores tivessem exatamente o mesmo estilo – aliás, nenhum movimento é assim, e é por isto que frequentemente vemos um artista declarar que não gostaria de ser rotulado como isto ou aquilo. Até mesmo porque artistas geralmente têm um egocentrismo e um narcisismo maior que a média das pessoas, e, em suas mentes, rotulá-los seria limitá-los, seria dizer que só são capazes daquilo. E eles querem se achar capazes de muito mais, embora comumente não sejam. Isto não é demérito nenhum, ser gênio, ou mesmo apenas talentoso, em apenas uma área, já é muita coisa.
Este narcisismo todo não parece ser o caso de Magritte que, por sinal, pouco tempo ficou em Paris, capital do burburinho àquela época. E, dizem, foi embora da capital francesa justamente para fugir do ambiente polêmico que lá reinava.
Talvez esta sua negação do Surrealismo tenha a ver, portanto, com atritos que teve com os artistas que se diziam surrealistas, especialmente após a Segunda Guerra Mundial.
Mas se todos chamam ao que Magritte fez de Surrealismo, infelizmente, para ele, ele não será capaz de nos convencer que não era um surrealista. Não apenas isto, mas um Mestre do Surrealismo…
No início, Magritte pintava mais este tipo de cena, objetos impossíveis. Posteriormente, passaria a se focar em objetos possíveis em cenas impossíveis. (Leia: O Surrealismo de René Magritte.)
A