Machado de Assis
Desde a baia, desde os cajueiros, dos mangues, junto a baia, ate o alto do morro tudo pertencia a chácara do Livramento. A casa-grande, com a senzala ao pé, era muito antiga, tinha mais de 200 anos, e pertencia imponente sobre o morro nu.
Por volta de 1805 o Livramento era propriedade da senhora Ana Teresa Angélica de Cunha e Souza, uma Pinto da Cunha e uma solteirona. Era senhora rica, com muitos escravos; mas além desses mantinha uma série de agregados, e geral pardos forros (- que é como se dizia dos escravos libertos, que pareciam mudar de cor com a mudança de vida).
Muitos desses eram filhos de escravos da própria chácara. Era o caso de Francisco José de Assis e Inácia Maria Rosa. Tanto eram chegados á casa em que as mães haviam sido escravas – desconheciam os pais – que, quando casaram, no dia 04 de agosto de 1805, foram seus padrinhos, dois membros da família Pinto da Cunha, um eclesiásticos e um militar, e a cerimonia foi no “Oratório das casas de resistência do rev. Chantre Felipe Pinto da Cunha.”
Voltemos a casa grande da chácara do Livramento. Passou um ano nasceu um menino, batizado com o nome do pai, no dia 11 de outubro. Mas uma vez a cerimonia não foi realizada na Capela do Livramento.
Nada disso era importante. Esse outro Francisco José de Assis, cresceu sem nada de novo nesse mundo de Deus. Menino, rapaz, homem ...
Enquanto isso dona Ana Teresa Angélica da Cunha e Souza, morria sem deixar filhos. Há um amigo o Senador Bento Barroso Pereira, filho do intendente dos diamantes do arraial do Tijuco, deixava a maior parte da propriedade. Mesmo dividida, a propriedade ainda era muito grande: ia desde a praça da República, então chamada de Campo da Aclamação, a praia do Valongo, mais ou menos hoje aonde passa o Porto do Rio de Janeiro.
Capitulo II
MARIA LEUPOUDINA MACHADO
O Oceano Atlântico. No meio dele pequenas ilhas. A beleza é imensa, mas não venham morar aqui. Os açores são uma terra aonde a vida é