Machado de Assis
Neste conto aparece mais uma vez os temas chaves de Papéis Avulsos: ser versus parecer, desejo versus máscara, vida pública versus vida íntima. Através de uma aguda análise do comportamento humano, Machado de Assis expõe em "O Espelho" que a nossa "alma externa", ligada ao status e prestígio social, à imagem que os outros fazem de nós, é muito mais importante do que a nossa "alma interna", ou seja, a nossa real personalidade.
Esse é o melhor conto para que se possa entender de maneira mais direta a "filosofia" machadiana que sustentaria a tese de que sua análise do comportamento humano destaca uma abordagem psicossocial: nossa personalidade é fruto de forças sociais, que por sua vez existem graças à nossa personalidade. Trata-se da história de Jacobina, um homem que nunca expunha suas opiniões para seus amigos porque não queria discutir, um ato que entendia como uma herança no homem de um caráter bestial.
Mas a narrativa se inicia porque o protagonista havia sido obrigado a expressar sua opinião sobre a existência da alma. Emite, então, uma curiosa teoria sobre a existência não de uma, mas de duas almas, interligadas, a alma interna, que pode ser entendida como a verdadeira maneira como nos enxergamos, e a alma externa, que é como os outros nos enxergam.
Sem uma, a outra não existe. E para provar sua teoria, conta uma história passada em sua juventude, quando havia recebido o título de alferes. Era apenas um título e uma farda, mas isso trouxe à personagem uma notoriedade tamanha. Tanto que sua tia Marcolina pede para que ele passe uns dias em seu sítio, só para ter a honra de receber em suas terras um alferes.
E em sua homenagem deixa no