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LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1983.
Jacques Le Goff mostra de que forma as invasões bárbaras precipitaram a ruralização das populações, um fato social que modela a sociedade medieval. Desde o século III, somado ao isolamento do ocidente e oriente, houve o isolamento entre as diversas partes do ocidente romano. A partir do declínio comercial, tanto interno quando externo, se esboçava “a fisionomia do Ocidente medieval: uma atomização em células viradas sobre si próprias e separadas uma das outras por desertos” (p. 49), e com base no testemunho de Orósio e da arqueologia, pode-se confirmar esse definhamento urbano, cujo processo é consequência da violência dos invasores. Sem ter mercadorias no centro urbano, os habitantes, com a fome causada pela desorganização das trocas, refugiaram-se próximos aos locais de produção, ou seja, submeteram-se à servidão dos grandes proprietários.
Nesta “ruína da rede comercial da Antiguidade” (p. 50), o autor mostra a transferência da circulação pelas estradas para a rede fluvial, causada pelo intervalo entre aqueles desertos que separam as células. Consequentemente, ocorre uma reorganização do mapa das cidades.
A compartimentação profissional e social foi causada devido à fuga de certos ofícios, sendo os imperadores do Baixo Império obrigados a declarar algumas profissões como hereditárias. O ideal seria uma sociedade de camponeses tenentes. De acordo com o texto, “os bárbaros vieram a infiltrar-se ou instalar-se à força nesses estratos sem grandes dificuldades.” (p. 52), isso porque eles tinham deixado de ser nômades. Além disso, eles possuíam gado, que tinham uma simbologia de fortuna e que poderia ser utilizado como moeda de troca.
A fusão dos bárbaros no território romano trouxe vários obstáculos, sendo o maior deles, até à sua conversão ao catolicismo, o paganismo. Mas além desse, houve também o desejo de não perder as suas tradições e costumes, e por isso eles tiveram a