Lygia Clark e Os Bichos
Este texto apresenta aspectos da obra de Lygia Clark, da série “Bichos”, esculturas metálicas articuláveis que propõe a participação do observador, fazendo de sua autora, uma das pioneiras da arte participativa internacionalmente. Pretendemos investigar o trabalho da artista, situando as obras em seu processo de criação e no contexto contemporâneo.
Os Bichos
Usando placas de metal unidas com dobradiças, dobrando-as, fazendo com que de formas planas surja o volume... Assim Lygia faz os bichos, que embora compostos por formas geométricas trazem em si uma carga maior de organicidade do que de construtivismo. Pois são seres constituídos de várias possibilidades de movimentos, estruturadas através da linha orgânica, que aparece como colunas vertebradas.
Como escultura, os bichos já são interessantes e diferentes por terem mais haver com espacialidade do que massas e volumes o tradicional da época.
Assemelha-se às superfícies moduladas, justamente por ser feito em módulos. A lógica e a matemática do construtivismo continua presente, porém de forma mais intuitiva que calculada a despeito do concretismo. Lygia conserva no processo o metal, as dobras... Incorporando, é claros, as dobradiças, trazendo uma novidade importantíssima: a participação do expectador na obra de arte.
Clark firma então um compromisso com a arte e a vida, fazendo-as aproximarem-se. Afirma que seus “bichos” têm vida própria.
Um bicho não é apenas para ser contemplado e mesmo tocado. Requer relacionamento. Ele tem respostas próprias, e muito bem definidas para cada estímulo que vier a receber.
Lygia afirma em texto escrito durante a fase em que criava os bichos que quando alguém lhe perguntava sobre quantos movimentos um Bicho poderia realizar ela respondia: “Não sei nada disso, você não sabe nada disso, mas ele sabe...”.
Foram criados para serem, não manipulados, mas interativos com o observador. A obra só se completa quando as pessoas interagem com