Lygia clark: vida e obra
(Artista plástica brasileira)
23-10-1920, Belo Horizonte (MG)
25-4-1988, Rio de Janeiro (RJ)
Desde que decidiu abandonar Belo Horizonte e sua tradicional família de juristas para se dedicar à arte, Lygia Clark não parou de revolucionar, abrindo novas perspectivas para a arte contemporânea brasileira. Tentando superar os limites entre obra e vida, rejeitou a ortodoxia do concretismo, fundou um novo movimento, experimentou a body arte, adentrou a arte plurissensorial e, vivendo no limiar entre a psicanálise e a expressão artística, abdicou do próprio rótulo de artista, exigindo ser chamada de "propositora". Ao sair de casa (1947), já com três filhos, passou a estudar pintura sob a orientação de Burle Marx. Em 1950, foi a Paris, onde freqüentou o ateliê de Fernand Léger (1950-1952). De volta ao Rio de Janeiro, integrou o Grupo Frente (1954 e 1956), liderado por Ivan Serpa. Com o objetivo de estabelecer uma nova linguagem abstrata na arte brasileira fundou o neoconcretismo (1959). Em suas primeiras pinturas (1954-1958), mudou a natureza e o sentido do quadro. Estendeu a cor até à moldura, anulando-a ou até mesmo trazendo-a para dentro do quadro, criando obras como Superfícies Modulares e os Contra-Relevos. No período de 1960 a 1964, surgiu seus Bichos: esculturas articuladas manipuladas pelo público. Com eles Lygia indicava sua busca: a participação do espectador em seu trabalho, por meio de objetos sensoriais (sacos plásticos, pedras, conchas, luvas etc.), para despertar sensações e fantasias. Elaborou mais tarde trabalhos como Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968), que propõe ao espectador sentir coisas simples, como o sopro da respiração e o contato com uma pedra na palma da mão; A Casa É o Corpo: Labirinto (1968), que simula um útero a ser penetrado pelo visitante, que é levado a experimentar sensações táteis ao passar por compartimentos; e Baba Antropofágica (1973), no qual várias pessoas derramam, sobre alguém deitado, fios que saem de suas