luz da visa
Frei Clarêncio Neotti, OFM
A piedade popular sempre quis Maria muito perto de Deus. Por isso a faz ser apresentada no Templo aos três anos de idade e lá permanecer até os 12, aos cuidados das virgens que teciam e recamavam o grande véu do Templo, que separava a nave da sala chamada “Santo dos Santos”, onde se guardava a Arca da Aliança. Esse véu era grande, grosso, todo bordado de ouro e tão pesado que se precisavam 300 sacerdotes para transportá-lo, quando necessário.
Os escritos que falam da consagração de Maria no Templo datam do segundo século, ou seja, são tão antigos quanto os Evangelhos, que silenciam por inteiro sobre os pais e parentela, sobre o nascimento, a infância e a adolescência de Maria. Que seus pais se chamassem Joaquim e Ana, o sabemos também desses escritos, chamados Apócrifos, precisamente de um livro intitulado “Protoevangelho de Tiago”.
Os escritos antigos (não os Evangelhos) divergem, quando falam do lugar de nascimento de Maria. Uns a fazem nascer em Belém, para ligá-la com mais certeza à descendência de Davi, cuja família e parentela eram de Belém, onde nascera o próprio rei Davi. Outros sugerem Nazaré, como seu lugar de nascimento, já que a Anunciação aconteceu em Nazaré (Lc 1,26) e lá Maria tinha casa própria, quando recebeu a mensagem do Arcanjo Gabriel. No entanto, os escritos mais antigos, como o Protoevangelho de Tiago, a dão por nascida em Jerusalém, no lado norte da cidade, perto da piscina Probática. Encontramos essas informações também nos diários dos peregrinos cristãos do segundo século.
Essas lendas, nascidas da piedade popular, são verossímeis, isto é, podem ser históricas, porque, de fato, no Templo, trabalhavam as “virgens tecelãs” ou “virgens bordadeiras”, sob a responsabilidade dos levitas. As moças eram devolvidas à família aos 12 anos, quando, pela Lei, tornavam-se maiores de idade e podiam casar-se.
Além do mais, nenhum outro lugar seria mais indicado a Maria, predestinada a ser a mãe