lusiadas 2
A frota portuguesa singrava o Oceano Índico, entre a costa oriental da África e a Ilha de
Madagáscar. O vento brando inchava as velas, e uma espuma branca cobria a superfície das águas cortadas pelas proas.
Eram quatro naus. A São Gabriel, comandada por Vasco da Gama, que chefiava a esquadra; a São Rafael, sob o comando de Paulo da Gama, irmão de Vasco; a Bérrio, que tinha por capitão Nicolau Coelho; e a nau que transportava os mantimentos, São Miguel, comandada por Gonçalo Nunes.
Levavam cento e setenta homens, entre marujos, escrivães, religiosos e dez degredados.
Partiram da Praia do Res-telo, em Lisboa, em 8 de julho de 1497, à procura do caminho marítimo para a índia, o reino das especiarias, como cravo, canela e pimenta, então cobiçados em toda a Europa.
Em 22 de novembro, dobraram o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, façanha só realizada por Bar-tolomeu Dias, dez anos antes. Mas agora, já haviam ultrapassado o último ponto atingido por aquele navegante na costa oriental da África e continuavam a trajetória para o norte, por águas jamais singradas por naves europeias.
O concílio dos deuses
Enquanto os argonautas portugueses prosseguiam na sua aventura, os deuses iam pelo formoso e cristalino céu da Via Láctea a caminho do Olimpo, de onde a gente humana é; governada. Eles haviam sido convocados, através de Mercúrio, para um concílio sobre o futuro do Oriente.
No Olimpo, eram aguardados por Júpiter, o pai sublime e senhor dos terríveis raios fabricados por Vulcano. Ele estava em seu trono resplandecente feito de estrelas, com a coroa e o cetro rutilantes, de pedras mais límpidas que o diamante. Do seu rosto emanava um ar tão divino que tornaria também divino qualquer ser humano que o respirasse.
Os outros deuses acomodaram-se em luzentes assentos esmaltados de ouro e pérolas. Na frente, os mais antigos e glorificados. Atrás, os menores. E Júpiter, majestoso, começou a falar em um tom de voz que infundia respeito e