Lucio Costa
A renovação da arquitetura brasileira não teria acontecido sem a ação crucial de Lucio Costa. Sua participação foi menos como projetista e muito mais como homem de ideias. Foi ele o pensador que resolveu, no campo da arquitetura, alguns dos impasses que caracterizam o movimento modernista brasileiro nas artes em geral. Era preciso renovar e incorporar o debate europeu. Porém, também era preciso introduzir o dado nacional, o nosso diferencial. Creio que Lucio Costa responde muito bem a essa equação proposta pelo modernismo – de um lado, modernização, e do outro, brasilidade – de uma maneira muito própria.
Em termos de urbanismo, foi responsável por várias intervenções pontuais no Rio de Janeiro, e quando venceu o concurso público para o Plano Piloto da Nova Capital, em 1957, já dispunha de uma sólida bagagem, o que lhe permitiu responder à altura o desafio, “inventando” a cidade sob medida para a situação, de planejar a nova capital federal. Em muito pouco tempo, Brasília adquiriu personalidade própria, e é o único bem contemporâneo considerado pela UNESCO patrimônio cultural da Humanidade. Como urbanista, fez mudanças no trânsito do Rio de Janeiro, realizou o plano de urbanização da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá e alargamento da Praia de Copacabana.
ENBA
Lúcio afirma então “julgar imprescindível uma reforma em toda a Escola, aliás como é do pensamento do governo”. Quanto ao curso de Arquitetura, considera que ele “necessita de uma transformação radical. Não só o curso em si, mas os programas das respectivas cadeiras e principalmente a orientação geral do ensino” . Após explicar os problemas que identifica aí – relacionados, basicamente, à “divergência entre arquitetura e a estrutura”, e também à inverdade dos materiais (pó de pedra simulando pedra, por exemplo) – elabora a famosa frase, que repetiria em outras ocasiões: “Fazemos cenografia, estilo,