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Rodolfo Hoffmann
CONSIDERA-SE QUE HÁ segurança alimentar para uma população se todas as pessoas dessa população têm, permanentemente, acesso a alimentos suficientes 5ara uma vida ativa e saudável. Nas economias mercantis, em geral, e particularmente na economia brasileira, o acesso diário aos alimentos depende, essencialmente, de a pessoa ter poder aquisitivo, isto é, dispor de renda para comprar os alimentos. Uma parcela substancial da população brasileira tem rendimentos tão baixos que a coloca, obviamente, em uma situação de insegurança alimentar.
Na próxima seção será avaliada a extensão da pobreza no Brasil. Em seguida serão analisados dados referentes à desnutrição crônica de crianças. Na quarta seção discute-se o conceito de segurança alimentar, procurando estabelecer algumas linhas gerais de orientação para as políticas públicas. A extensão da pobreza
Tendo em vista que o consumo de alimentos ocorre, predominantemente, nos domicílios e considerando, também, que há redistribuição da renda dentro da família, interessa-nos classificar as pessoas de acordo com o seu rendimento familiar per capita (que é a soma de todos os rendimentos das pessoas da família dividida pelo tamanho da família).
Para avaliar a evolução da extensão da pobreza no Brasil ao longo da década de 80 são utilizados dados das Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1981 a 1990. A Pnad de 1982 é excluída devido a problemas metodológicos na coleta das informações sobre rendimento das pessoas. São consideradas duas linhas de pobreza, com valor real fixado em 0,25 e 0,5 salário mínimo de outubro de 1981, que é o mês de referência da Pnad daquele ano. O cálculo dos valores correntes das linhas de pobreza no mês de referência das Pnad dos outros anos (sempre setembro) foi feito utilizando o Inpc restrito. Cabe ressaltar que o uso de outros deflatores pode levar a resultados substancialmente diferentes.