Lua branca
Lua Branca
Chiquinha Gonzaga
Ó, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai, vem matar essa paixão que anda . comigo
Ai, por quem és, desce do céu, ó, lua branca
Essa amargura do meu peito, ó, vem, arranca
Dá-me o luar de tua compaixão
Ó, vem, por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim
A canção Lua Branca apresenta uma debreagem enunciativa em que o sujeito-enunciador suplica à lua, substantivada/figurativizada na canção como “Lua Branca”, que o ajude a passar pela patemização da compaixão e da nostalgia da falta do seu objeto-valor, já que se encontram em disjunção. Dessa forma, temos um plano narrativo na qual a função do sujeito-enunciador não é de função operador, pois o mesmo é modalizado pelo /não poder-fazer/, não possui tal competência, e que se mostra apenas como um sujeito de estado; passivo e que suporta a ausência da amada. Temos, portanto, um sujeito que não rompe com a rotina já que, pelo texto, evidenciamos que tal sujeito nada faz ou não pode fazer para estar em conjunção plena com seu objeto-valor, uma vez que a única ação desse é suplicar à Lua Branca por compaixão e ajuda. Ao que tange o plano discursivo da canção, temos um texto predominantemente figurativo. Suas figuras, como “lua”, “encanto”, “abrigo”, “paixão”, “céu”, “peito”, “amargura”, “compaixão”, “Deus”, “coração”, “noite calma e constelada”, “luz”, “amada” e a própria “Lua Branca” remetem ao tema do sofrimento amoroso que imprime no sujeito-enunciador as paixões da nostalgia, do amor e da