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“Se, como dizem os arqueólogos, os resíduos são um sinal do seu conteúdo social, que sociedade terá sido esta que, em vez de fazer lixo para viver, parecia viver para fazer lixo?” (Aragão, 2006, p. 73)
2.2.1. Generalidades
A compreensão das conflitualidades dos resíduos se relaciona com a sua natureza. Os resíduos definem-se como “ «quaisquer substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer (…)»6” (Aragão, 2006, p. 81). De acordo com esta definição, deduzimos que pode ser de carácter involuntário e/ou inevitável enquanto subproduto de processo de transformação da matéria. Este pode ser uma consequência dos modos de produção ou de consumo que se reproduzem na esfera pública ou privada, sob forma manifesta “expressa” ou “latente”, de origem “intersubjectiva” ou “colectiva”.
Aragão especifica que no contexto social os resíduos se enquadram na noção de
“metabolismo social”, mais em concreto, na forma de “catabolismo” (momento destinado à gestão das formas de eliminação). O constrangimento socioeconómico e político em que se inscreve foca duas vertentes: “os danos, que os resíduos eventualmente causam, como perda de qualidade de vida […] ou os riscos que os resíduos inevitavelmente comportam”.
(Aragão, 2006, p. 98) Aos resíduos lhes é associado a noção: de “danos para” numa lógica de consequência ou efeito de algo sobre alguém; “risco de” numa possibilidade de acontecimento.
A exposição aos resíduos, independentemente da sua natureza, ultrapassa a barreira do individual para uma exposição colectiva. Por este motivo, Aragão reitera que a problemática dos resíduos requer políticas reguladoras e fiscalizadores (vigilância) do processo de gestão dos resíduos; incorporação das estruturas e instituições especializadas; acção participativa da sociedade civil no debate público sobre a má gestão dos resíduos; incorporação da comunicação social para dar “voz” e