londres primeira revolução
“Nessa Londres da metade do século, com dois e meio milhões de habitantes, projetamse com total nitidez a promiscuidade, a diversidade, a agressão, em suma, os vários perigos presentes na vida urbana. Para além do fascínio, se faz sentir o medo. Na expressão de [o poeta] Shelley: “o inferno é uma cidade semelhante a Londres, uma cidade esfumaçada e populosa. Existe aí todo tipo de pessoas arruinadas e pouca diversão, ou melhor, nenhuma, e muito pouca justiça e menos ainda compaixão”. Os observadores contemporâneos são unânimes ao afirmar que o assustador contraste entre a opulência material e a degradação do homem fazia de Londres uma singularidade absoluta. [Friederich] Engels, em viagem pela Inglaterra na década de 1840, diz não conhecer nada mais imponente do que o espetáculo proporcionado pela subida do
Tamisa em direção à Ponte de Londres. “O amontoado das casas, os estaleiros navais de ambos os lados, os inumeráveis navios alinhavados ao longo das duas margens, estreitamente unidos uns aos outros, e que, no meio do rio, deixam apenas um estreito canal onde centenas de barcos se cruzam a toda velocidade, tudo isto é tão grandioso, tão enorme, que se fica atônito e estupefato com a grandeza da Inglaterra, mesmo antes de se pisar no solo inglês”.
O tom otimista desaparece em seguida, ao ser avaliado o custo social do crescimento econômico. Poucos dias de permanência na cidade bastam para que identifique “os efeitos devastadores da aglomeração urbana”. Percorrendo as ruas principais da metrópole, Engels [...] conclui que os londrinos se viam obrigados a sacrificar a melhor parcela de seus homens na tarefa de atingir todos os milagres da civilização.[...] Engels percorre e descreve detalhadamente os bairros ruins de Londres, bairros em que se concentra a classe operária. [...] Ao lado de Oxford Street, de Regente Street e de
Trafalgar Square [ruas largas e bem iluminadas, freqüentadas pela alta sociedade
londrina],