Logica
03 fev 2013 Imprimir este artigo
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1.0 UMA IMAGEM AMPLIADA
1.1 Os camponeses das montanhas da cabília salvaguardaram, acima das conquistas e das conversões, e sem duvida em reação a elas, estruturas que, protegidas, sobretudo pela coerência prática, relativamente inalterada, de condutas e de discursos parcialmente arrancados ao tempo pela estereotipagem ritual, representa uma forma paradigmática da visão “falo-narcísica” e da cosmologia androcêntrica, comuns a todas as sociedades mediterrâneas e que sobrevivem, até hoje. p. 14
1.2 Poderíamos, sem dúvida, ter-nos alicerçada na tradição da Grécia Antiga , em que a psicanálise buscou o essencial de seus esquemas interpretativos, graças às inúmeras pesquisas de etnografia histórica que lhe foram consagradas. p. 14
1.3 O interprete que pretende agir com etnógrafo arrisca-se, assim, a tratar como com informantes “ingênuos” autores que já estavam agindo também como (quase) etnógrafos e cujas evocações mitológicas, mesmo as aparentemente mais arcaica, como as de Homero ou Hesíodo, são já mitos elaborados, que implicam omissões, deformações e reinterpretações. p. 15
2. 0 A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CORPOS
2.1 Em um universo em que, como na sociedade cabila, a ordem da sexualidade não se constitui como um tal, e no qual as diferenças sexuais permanecem imersas no conjunto das oposições que organizam todo o cosmos, os atributos e atos sexuais se vêem sobrecarregados de determinações antropológicas e cosmológicas. p.13
2.2 Não vemos como poderia emergir na consciência a relação social de dominação que está em sua base e que, por uma inversão completa de causas e efeitos, surge como uma aplicação entre outras, de um sistema de relações de sentido totalmente independente das relações de força. p.16, 17
2.3 A divisão entre os sexos parece estar “na ordem das coisas”, como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável: ela está