Locke
John Locke, filósofo inglês, assumiu um papel importante na discussão sobre a teoria do conhecimento, tema privilegiado do pensamento moderno a partir de Descartes. A respeito desse assunto escreveu Ensaio sobre o entendimento humano, em que defendia a teoria empirista. Com a obra Dois tratados sobre o governo civil, tornou-se teórico da revolução liberal inglesa. Suas idéias políticas fecundaram todo o século XVIII, dando fundamentos filosóficos das revoluções liberais ocorridas na Europa e nas Américas.
Estado de natureza e contato
Assim como Hobbes, Locke partiu da concepção pela qual os indivíduos isolados no estado de natureza unem-se mediante contrato social para constituir a sociedade civil. Segundo essa teoria, apenas o pacto torna legítimo o poder do Estado.
Diferentes de Hobbes, porém, Locke não descreve o estado de natureza como um ambiente de guerra e egoísmo. O que não levaria os indivíduos a abandonar essa situação, delegando o poder a outrem? Para Locke, no estado natural cada um é juiz em causa própria; portanto, os ricos das paixões e da parcialidade são muito grandes e podem desestabilizar as relações entre os indivíduos. Por isso, visando à segurança e à tranqüilidade necessárias ao gozo da propriedade, todos consertam em instituir o corpo político.
Locke segue a tendência jusnaturalista e, nesse sentido, está convencido de que os direitos naturais humanos não desaparecem em conseqüência desse consentimento, mas substituem para limitar o poder do Estado. Justifica em última instância, o direito à insurreição: o poder é um trust, um depósito confiado aos governantes – trata-se de uma relação de confiança -, e, se estes não visarem ao bem público, é permitido aos governados retirar essa confiança e oferecê-la a outrem, posição que distinguem Locke de Hobbes.