locke
ANOTAÇÕES ACERCA DA SUA VIDA
E OBRA
Ricardo Vélez Rodríguez
Coordenador do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, da UFJF
Rive2001@gmail.com
A filosofia de Locke é, indiscutivelmente, ponto importante na sistematização do empirismo, bem como do nexo dessa corrente com o liberalismo, do qual é a figura mais importante, tanto no pensamento inglês quanto em nível mundial. O nosso autor sistematizou os princípios básicos do que passaria a ser denominado de “filosofia liberal”.
Fê-lo não como teórico distante do acontecer histórico, mas como ator que tomou parte decisiva na “Revolução Gloriosa” (1688) que, na Inglaterra, derrubou o absolutismo e deu ensejo às instituições do governo representativo e da monarquia parlamentar. Não é de estranhar que gerações de filósofos e políticos engajados na construção das instituições da democracia representativa passaram a se inspirar, doravante, em Locke. Ele próprio, como mostraremos nestas páginas, foi um doutrinário, no sentido conferido mais tarde por
Royer-Collard (1763-1845) a esta expressão. Alguém que, com um pé na filosofia, encarou o compromisso histórico de pensar as instituições que garantiram, à Nação Inglesa, o exercício da liberdade.
Na retomada da tradição lockeana de lutar contra o absolutismo, pensadores posteriores partiram para efetivar a tarefa de desenhar, alicerçar teoricamente e pôr em funcionamento instituições liberais, num meio ameaçado pelo despotismo como era a
França de início do século XIX. Tal foi o caso, certamente, de Benjamin Constant de
Rebecque (1767-1830), de Madame de Staël (1766-1817), mas especialmente de estadistas do cunho de François Guizot (1787-1846) e Alexis de Tocqueville (1805-1859). Essa saga foi retomada, no contexto luso-brasileiro, por homens como Silvestre Pinheiro Ferreira
(1769-1846), dom Pedro de Souza Holstein, duque de Palmela (1781-1850), Domingos
Gonçalves de Magalhães (1811-1882), Hipólito da