O mergulho no inconsciente Jonas foi conduzido pela vida a este momento, do qual ele não pode mais recuar. Ele vai mergulhar na água. Na água que é o símbolo do inconsciente, do enfrentara si mesmo. Ele vai ser recolhido por um peixe. Eu lhes lembro de que a Bíblia não fala em baleia. Em hebraico, a palavra peixe está mais próxima de um monstro marinho. Jonas vai fazer a experiência da Sombra. E nós chegamos a esse momento onde, na profundidade dele mesmo, ele deve encontrar uma saída. Quando não há mais saída no exterior, quando eu me bato contra todos os muros, é preciso procurar uma saída no interior.Nós já vivemos esta experiência algumas vezes. E eu penso nesta palavra do Evangelho, na qual Jesus responde àqueles que pedem sinais, que pedem milagres e prodígios: "Não lhes será dado outro sinal senão o de Jonas". Assim, àqueles que estão em busca do maravilhoso e do fantástico, Cristo parece lhes dizer que o único sinal seguro e certo é o sinal de Jonas. Isto é, que o único sinal pelo qual nos aproximamos da verdade é o da nossa própria transformação. Porque os milagres, as coisas maravilhosas, estão ainda no exterior de nós mesmos. E, algumas vezes, nada mudou dentro de nós. O sinal de Jonas é o sinal de alguém que mergulhou na profundeza do seu inconsciente e que, de sua transformação, 55espera a salvação. O símbolo de Jonas vai ser reempregado, na história de Cristo, nos três dias que ele passou dentro da terra, na baleia-terra. Nesta baleia, na profundidade da terra, vai operar-se a passagem da morte para a vida. Portanto, a experiência de Jonas é a experiência de descer conscientemente para a morte, descer conscientemente em nosso ser mortal. É entrar, com consciência, na profundeza da condição humana. E é do fundo deste inferno, do fundo deste infortúnio, que ele vai se lembrar. Aqui nós ficamos muito próximos dos Terapeutas de Alexandria quando eles falam da anamnese essencial, isto é, desta lembrança do Ser.Não se trata de se lembrar somente dos