Livro dos homens
Livro dos homens, publicado em 2005, é o terceiro livro de contos do autor cearense Ronaldo Correia de Brito, e deixa antever, na ambiguidade do título, a matéria de que é entalhado todo o livro: o designativo “livro dos homens” que enfeixa o volume remete tanto ao título do último conto, que lhe é homônimo, quanto a uma referência mais abrangente, como se antecipasse ao leitor que o aguarda: uma sondagem do comportamento humano. O autor conta histórias reinventadas por suas lembranças, pelo que viveu, experimentou e ouviu dizer, no Ceará e no Recife. O cenário, como em seus outros trabalhos, é o sertão nordestino. Mas ele não aceita o rótulo de escritor regionalista. É fácil entender. Quase todos os personagens que aparecem nos contos poderiam ter qualquer nome e estar em qualquer lugar do mundo. A limitação geográfica é "ilustrativa". É uma forma de oferecer ao leitor um reforço de imagens, já que ele viveu naqueles locais, passou por aquelas gentes e ouviu seus sotaques. É uma opção do escritor, que fala, sim, de assuntos que tocam a todos. O conto "Eufrásia Meneses", por exemplo, poderia ter se passado em Curitiba, Paris, Alabama ou Tóquio. Trata de solidão, de desejos ocultos, de imaginações nascidas das sombras:
"A noite poderá trazer surpresas e eu devo me recolher cedo. Estou só. Não há pai, nem mãe, nem sorriso de irmãos. Só a casa espreita, querendo me tragar."
As histórias de Livros dos Homems falam de fé (no que quer que seja desde que alivie o sentimento de abandono, de ser esquecido pelos homens e, às vezes, pelo divino), de amor, de ódio, de dúvida, de solidão, de alegria. De cometer erros e acertos. De vida e de morte. A Bíblia, o livro de Deus, é referência recorrente nos contos de Brito. Afinal, as histórias bíblicas foram escritas pelos homens, com suas interpretações e sua linguagem - que nem sempre abarca todo o mistério daquele que tudo criou. A referência mais