Literatura
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão — "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria.. . "
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?"
Alphonsus de Guimaraens
Análise do Poema Hão de chorar por ela os cinamomos, de Alphonsus de Guimaraens
Hão de chorar por ela os cinamomos, (A)
Murchando as flores ao tombar do dia. (B)
Dos laranjais hão de cair os pomos, (A)
Lembrando-se daquela que os colhia. (B)
As estrelas dirão — "Ai! nada somos, (A)
Pois ela se morreu silente e fria.. . " (B)
E pondo os olhos nela como pomos, (A)
Hão de chorar a irmã que lhes sorria. (B)
A lua, que lhe foi mãe carinhosa, (C)
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la (D)
Entre lírios e pétalas de rosa. (C)
Os meus sonhos de amor serão defuntos... (E)
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, (D)
Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?" (E)
Vocabulário
Cinamomo – tipo de árvore que se extrai substâncias aromatizantes e medicinais, como a canela.
Silente - Silenciosa.
Este soneto, como tantos outros na obra de Alphonsus de Guimaraens, foi inspirado por Constança (filha do escritor romântico Bernardo Guimarães), sua prima e noiva, precocemente falecida.
O texto é um soneto clássico, pois se divide em quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos) com versos decassílabos e rimas alternativas (ABAB – ABAB – CDC – EDE).
O soneto tematiza a dor sentida pelo eu lírico diante da morte da mulher amada, como percebe por meio de vários elementos, entre os quais ressaltamos duas falas. A primeira